quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Em cartaz


Bom, a temporada de filmes interessantes começou. “Operação Valquíria”, mais um empreendimento ambicioso de Tom Cruise chega em lançamento nacional, enquanto o forte candidato ao Oscar “O Curioso Caso de Benjamin Button” finalmente estréia em Indaiatuba.

O superastro do sorriso colgate interpreta o coronel Stauffenberg, que tentou matar Hitler com uma bomba em seu bunker. O episódio é citado no clássico “A Noite dos Generais” e também no filme com que Jerry Lewis praticamente enterrou sua carreira de diretor, “Qual o caminho para a guerra?”. De todos os 15 atentados conta a vida do Führer foi o mais famoso, por envolver oficiais do primeiro escalão, inclusive Erwin Rommel, que assumiria a chefia de Estado da Alemanha caso o plano desse certo. Como o fracasso, ele foi exposto, mas era uma figura importante demais para ser preso e fuzilado, então ganhou a chance de se suicidar. Os demais conspiradores não tiveram tanta sorte. Foram caçados, aprisionados, torturados e executados de forma vil, seus nomes jogados na lama, tendo que esperar a queda do III Reich para serem reabilitados. Mesmo assim, não ganharam o status de heróis pela tentativa de abreviar a 2ª Guerra Mundial.

O personagem de Cruise, Claus Von Stauffenberg, já havia perdido um olho, a mão direita e dois dedos da mão esquerda quando executa o atentado. Mas não dá pra começar um filme com o galã destroçado desse jeito, né? Então vemos o ataque na África em que ele é ferido, e que mesmo antes ele era um crítico dos rumos da guerra. Se eu não me engano das minhas leituras, não era bem assim. Se não, como é que ele iria ter acesso ao Estado Maior do ditador?

É mania de Cruise se mutilar a cada filme, senão, vejamos. Começa em “Nascido em Quatro de Julho” (1989), sua primeira tentativa séria de ganhar um Oscar (e sua primeira indicação), ele é um veterano do Vietnã paraplégico. Em “Entrevista com o Vampiro” (1994), ele é queimado vivo por Brad Pitt e Kirsten Dunst. Em “Vanilla Sky” (2001), ele é desfigurado num acidente de carro. Em “Minority Report” (2002), ele se desfigura para escapar de seus ex-companheiros policiais. Em “Missão Impossível 3” (2006), ele se eletrocuta para evitar a bomba que o vilão implantou em sua cabeça.

Outro astro tinha mania semelhante: Marlon Brando, que a partir de certa altura da carreira sempre introduzia em seus trabalhos o que Rubens Edwald Filho chamava de “inevtiável cena sadomasoquista” (no único filme que dirigiu, “A Outra Face”, ele é barbaramente açoitado por Karl Malden).

Em “Operação Valkiria”, além de mutilado, ele divide a tela com atores muito mais tarimbados, como Terence Stamp (“O Colecionador”, “Teorema”), Kenneth Branagh (“Henrique V”, "Hamlet”), Tom Wilkinson (“Entre Quatro Paredes”, “Conduta de Risco”) e Bill Nighy (“O Jardineiro Fiel”, “Piratas do Caribe – Até o Fim do Mundo”). Só pode sair chamuscado.

Forrest Gump 2?

“O Curioso Caso de Benjamin Button” é um dos fortes concorrentes ao Oscar, embora “Quem Quer Ser Milionário?”, de Danny Boyle (“Extermínio”, “Trainspotting”) esteja colecionando prêmios ao redor do mundo. Mas é bom lembrar que em 2006, “O Segredo de Brokeback Mountain” era a barbada do ano, também vindo de diversas vitórias em premiações. Só que hora da onça beber água, o conservadorismo da Academia falou mais alto e o medíocre “Crash” acabou levando a estatueta. Mais ridículo o fato de Ang Lee ter recebido o Oscar de Direção, demonstrando que, a despeito de terem achado “Brokeback” ótimo, não iam premiar uma filme em que dois marmanjos se amam. Da mesma forma, enquanto “Quem Quer ser Milionário?” é inteiramente rodado na Índia, como elenco nativo, “O Curioso Caso de Benjamin Button” se passa na martirizada Nova Órleãs e lembra demais o campeoníssimo “Forrest Gump”, até porque, os dois tem o mesmo roteirista, Erich Roth. Um vídeo gaiato mostra as similaridades das duas histórias, e pode ser conferido abaixo. Posso estar enganado, mas desconfio que o filme do talentoso Danny Boyle é exótico demais para os velhinhos da Academia.

Vagamente inspirado numa história de F. Scott Fitzgerald, “Benjamin Button” conta a história e um homem que nasce velho e vai rejuvenescendo á medida que cresce. Ainda “criança”, conhece Daisy (Elle Fanning, irmã de Dakota) por quem se apaixona. Mas só quando ambos estão na metade da vida é que poderão se amar plenamente.

O David Fincher é considerado gênio pro uns e charlatão por outros. “Se7en” (1995) e “O Clube da Luta” (1999) fizeram sua reputação. “O Quarto do Pânico” (2002) e “Zodíaco” (2007), mesmo sendo bons, careciam daquele frisson dos trabalhos anteriores. "Benjamin Button” é um tipo de filme totalmente dos que ele fez antes. Brad Pitt é o personagem título e é candidatíssimo ao Oscar de Ator. Cate Blanchett é Daisy adulta e a desconhecida Taraji P. Henson, que faz a mãe adotiva de Benjamin, foi indicada ao prêmio de coadjuvante.


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2 comentários:

Marcelo disse...

Operação Valkíria tem muitos méritos, mas em minha opinião o principal está em fazer o telespectador esquecer por muitos momentos que o desfecho do plano já tem seu fracasso conhecido e achar que "pode dar certo". Um bom filme!

Anônimo disse...

a diferença entre Benjamim Button e Forrest gump é a mensagem q os dois filmes passam, os dois são indispensáveis um estudo sobre personalidade e outro sobre possibilidades da vida...

pois é Quem quer ser um milionario(filme morno) ganhou o Oscar...