segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A Bossa Nova segundo Antônio da Cunha Penna


No último sábado, meu amigo Antônio da Cunha Penna realizou seu bate-papo sonoro sobre a Bossa Nova no Cine Café, em frente ao Multiplex Topázio. Como escrevi em minha última edição de Gente etc, deve ser o único evento na cidade a celebrar os 50 anos desse jeito de tocar samba inventado por João Gilberto que mudou a música popular brasileira.
Na verdade, a pelestra deveria ter se chamado "Caminhos até a Bosa Nova", porque, à exemplo de Silvana Mantoanelli quando começa a contar uma história, Penna começou no Big Bang da MPB, com o ecnontro dos portugueses de Cabral com os índios. Daí que, de bossa nova, só restou João Gilberto. Mas ele prometeu para o público presente uma continuação do bate-papo, confirmado pelo dono do espaço, Paulo Antônio Lui. Assim, quem perdeu, pode ter a oportunidade de saber o que é que a bossa nova tem em breve.

Penna é um pesquisador amador - no sentido que não ganha nada pra isso - da MPB, e um de seus maiores prazeres é mostrar sua vasta coleção de LPs e CDs às visitas interessadas, e explicar cada gravação que toca. Infelizmente, só foi possível tocar um trechinho das canções ilustrativas de sua explanação.
Meu caro amigo me brindou com o elogio em público de meu artigo publicado junto com a matéria sobre a palestra, publicada na edição de 30 de agosto, mas a desvantagem de um texto impresso sobre o assunto é a ausência de ilustração sonora. Explicar em palavras o que é batida de João Gilberto é uma tarefa ingrata. Mas mesmo se alguém no Brasil nunca tivesse escutado o baiano, toda da MPB depois dele até hoje está impregnada da revolução que ele promoveu. Isso tanto revela como oculta sua contribuição, já que a famosa batida se diluiu ao longo do tempo. Por isso, conhecer como era a música que tocava nas rádios antes de "Chega de Saudade" é fundamental para entender sua importância.

Um subproduto triste, mas inevitável, da bossa nova foi justamente a obsolência do status quo anterior. Isso acontece em toda revolução: foi assim com o Impressionismo - que mudou todo panorama das artes plásdticas no final do século XIX; a Nouvelle Vague - que se contrapôs ao cinema acadêmico que prevalecia na França - ; o cinema novo - cujas críticas a "Pagador de Promessas" deixaram em Anselmo Duarte um ódio mortal - ; o bebop - que os negros Charlie Parker, Dizzie Gillespie e Bud Powell inventaram para que os brancos não conseguissem imitar; e tantos outras revoluções estéticas. Não houve, portanto, uma "injustiça" contra o samba-canção por parte dos bossanovistas, mas apenas a "limpeza de cenário" que acontece sempre que uma coisa nova sobe à ribalta.

Se tudo der certo, ainda este ano teremos mais um evento lembrando o Cinquentanário da Bossa Nova, que será o lançamento do livro "Eis aqui os bossa nova", de Zuza Homem de Mello, em Indaiatuba. Na verdade, trata-se de uma reedição ampliada e revista de um trabalho publicado originalmente em 1976.

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A foto é de Fábio Alexandre.

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