quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A última sessão de cinema


Toda uma geração de cinéfilos e críticos de cinema carioca era denominada Geração Paissandu por causa do cinema do mesmo nome, que fechou as portas no último domingo. O grupo Estação Botafogo, que geria a sala desde 1990, tentou de todas as formas salvar o espaço, mas cinema de rua hoje em dia é inviável sem patrocínio. E o antigo templo da Sétima Arte se foi para sempre.
Houve até abaixo-assinado, protesto na porta, essas coisas, mas provavelmente a maioria nem frequentava o cinema e deve ter sido movida por histórias de antigamente. Se quisessem mesmo salvar o Paissandu, que o frequentassem e arrastassem seus amigos pra lá. Mas certamente todos preferem as mordomias de uma sala no shopping.

O Paissandu foi inaugurado em 1960, no bairro do Flamengo, e na época era só mais uma sala de cinema. Apenas em 1964, quando a empresa Franco-Brasileira, que o administrava, fez um convênio com o MAM e exibiu uma mostra de Ingmar Bergman é que ele virou o ponto de encontro de cinéfilos, intelectuais e pessoas dispostas a discutir o País - então no início da longa ditadura militar - a partir do cinema. Cada filme de Jean-Luc Godard era aguardado como a revelação de um dos segredos de Fátima, e aí de quem dissesse que "A Chinesa" era chato.
Enfim, tudo isso é história, e partir de agora sequer terá o marco geográfico para despertar nostalgia dos passantes.

Na foto, a lista dos últimos filmes exibidos no Paissandu, todos clássicos disponíveis em DVD ou "baixáveis" na Internet. Quem pode concorrer com isso?

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