sexta-feira, 9 de maio de 2008

Em cartaz


Depois do “Homem de Ferro”, outro candidato a blockbuster estréia: a versão live action de “Speed Racer”, dirigido pelos irmãos Wachowski, os mesmos de “Matrix”.

É interessante porque os dois personagens têm um banzo sessentista. A armadura high-tech tinha sido uma das principais atrações dos desenhos “desanimados” que apresentou a Marvel ao brasileiros (junto com o Hulk, Namor, Capitão América e Thor) e o piloto do carro mais incrementado da época fez parte dos primeiros desenhos nipônicos a fazer sucesso internacional.

Na verdade, a versão a que estamos acostumados é uma versão americanizada do original Mach Go Go Go, um trocadilho bilíngüe entre o verbo inglês go (ir, avançar) com o número cinco em japonês que é go. Originalmente, o garoto Speed Racer chama-se Go Mifune (Go também é nome próprio na Terra do Sol Nascente) e o seriado foi criado a partir de um mangá de Tatsuo Yoshida. O próprio autor e seus irmãos criaram uma produtora de animação chamada Tatsunoko Studios. Foi o primeiro desenho animado colorido para TV no Japão e foi um sucesso em seus dois anos de exibição. Em 1967, a produtora americana Trans-Lux comprou o programa e o adaptou ao gosto ianque. Mas a música original foi mantida – um hit da infância dos maiores de 35 anos – e os diálogos traduzidos para o inglês pela própria Tatsunoko.

O universo de Speed Racer é formado pelo próprio garoto de 18 anos que sonha em ser o maior piloto de carros do mundo, sua namorada Trixie (em japonês, Michi Shimura), seu pai, o projetista do Mach 5 Pops Racer (Daisske Mifune), sua mãe (chamada apenas de Mom em inglês e Aya em japonês), seu irmão mais novo Gorducho (Spritle em inglês e Kuryo em japonês), seu chimpanzé de estimação Zequinha (Chim-Chim em inglês e Senpei em japonês) o mecânico Sparky (Sabu) e o misterioso Corredor X, um piloto mascarado que na verdade é o irmão desaparecido de Speed, Rex (Kenichi), além de agente secreto da Interpol.

O grande charme do desenho era, claro, o carro Mach 5, que além do design futurista que permitiu que se mantivesse igual mesmo passados mais de 40 anos era cheio de truques. Os botões do volante acionavam recursos especiais:

A (Autojack) - que aciona macaco automático com molas para erguer o carro rapidamente, ideal para saltar obstáculos;

B (Belt Tire) - garras especiais nos pneus, para tração em qualquer tipo de terreno. 5000 cavalos de força são distribuídos igualmente para cada roda, por motores auxiliares;

C (Choppers - Cutter) libera duas serras rotativas saem do carro para cortar árvores e outros obstáculos, para terrenos de vegetação densa;

D (Defenser) - libera poderoso protetor que fecha o cockpit que é refrigerado a ar, à prova de choque e água, além de hermeticamente fechado;

E (Evening Eye) - controle de iluminação especial. Permite que o farol dianteiro emita luz infravermelha para pilotar à noite;

F (Frogger) - utilizado quando submerso. Abastece o cockpit com oxigênio, ergue um periscópio para se observar a superfície da água através de um monitor no painel e

G (Gizmo Rocket) - lança um pássaro robô controlado por controle remoto que serve para comunicação de emergência, transporta fotos ou mensagens gravadas.

Quando os irmãos Andy e Larry Wachowski anunciaram a intenção de levar o anime para o cinema com um elenco de carne e osso, um frisson percorreu os acficcionados do mundo inteiro. Afinal, era o primeiro projeto dirigido pela dupla desde o final da trilogia “Matrix” (eles produziram o ótimo “V de Vingança”, mas com James McTeigue na direção). O elenco foi escolhido no capricho: Emile Hirsch – um dos mais promissores atores de sua geração – no papel-título, Christina Ricci (“Família Adams”, “A Lenda do Cavaleiro sem cabeça”) como Trixie; John Goodman (“Barton Fink”, “Os Flintstones”) como Pops; a vencedora do Oscar Susan Sarandon como Mom Racer e Matthew Fox, astro de “Lost”, como o Corredor X. Além disso, há as participações dos ídolos em seus países Hiroyuki Sanada (“O Último Samurai”), do Japão, e Rain, da Coréia do Sul, certamente uma jogada para atrair o público asiático. Mas, segundo quase todas as resenhas, quem rouba a cena são os personagens Gorducho (Paul Litt) e Zequinha.

A trama é simples: o jovem Speed Racer recusa uma proposta milionária da Royalton Industries para ser seu piloto, não apenas enfurecendo o dono da companhia como também descobrindo um segredo: algumas das maiores corridas do circuito estão sendo arranjadas. O único jeito de salvar o negócio de sua família é se unir ao rival Corredor X (Matthew Fox) e vencer The Crucible, rali que atravessa o país desafiando a morte.

Os irmãos Wachowski – dois nerds de carteirinha – apostaram num visual que remetesse ao colorido dos animes e à adrenalina dos videogames. Pelo menos nos trailers os cenários e as corridas virtuais me pareceram exagerados e enjoativos. A dupla não se atenta ao fato de que num filme live-action, mesmo que baseado num desenho animado, certas leis das físicas devem ser obedecidas, sob pena de ficarem inacreditáveis demais. Não que a física seja algo a ser obedecida rigorosamente em Hollywood, mas um mínimo de verossimilhança é necessária. A não ser que a ação se passe no universo virtual de Matrix....

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