quarta-feira, 7 de maio de 2008

Jerez, xerez ou sherry


Ontem tivemos mais uma aula do Curso Sensorial de Vinhos, ministrado por Josi Pieri na Casa da Sogra, na qual finalmente fui apresentado ao jerez. Muito menos acessível no Brasil - tanto pelo preço quanto pela disponibilidade - que o vinho do Porto, o produto espanhol é vastamente consumido na literatura, principalmente de língua inglesa. Na segunda parte de "Henrique IV", William Shakespeare coloca as seguintes palavras na boca do soberano: "Se eu tivesse mil filhos, o primeiro princípio humano que lhes ensinaria seria fazê-los abjurar das bebidas insípidas e se dedicarem ao Jerez". Edgar Allan Poe, por seu lado, usa a bebida como isca para uma armadilha mortal em um de seus contos mais conhecidos, "O Barril de Amontillado" - que é uma das variedades do jerez.

Os ingleses começaram a importá-lo ainda sob o domínio árabe com o nome mouro de sherish (Jerez de la Frontera tem esse nome por se localizar no antigo limite dos reinos cristão e mouro na Espanha) e gostaram tanto do vinho que tentaram em vão conquistar a região produtora no século XVII. Aliás, o uísque escocês é envelhecido apenas em barris de carvalho que foram usados antes para armazenar ou bourbon americano ou jerez espanhol.

Quanto ao vinho em si, foi uma revelação. Degustamos o Viña El Alamo Jerez Oloroso (R$84,22 na Wine Company), do produtor Pedro Romero, de Sanlucar de Barrameda, na Andalucia, com 100% uva Palomino, envelhecido por 15 anos em botas de carvalho. De côr âmbar, meio leitoso, tem um forte aroma de frutas secas, especialmente amêndoas e é salgado de tão seco e de estrutura tão interessante que tornou o vinho seguinte - um Porto Tawny Valdouro, que já conhecia e consumi algumas garrafas ao longo da vida - quase sem graça. Realmente dá para entender a paixão dos ingleses por este vinho.

Um comentário:

Anônimo disse...

belíssima abordagem!

Agora entendi pq vc esqueceu sua apostila... a culpa foi do Jerez...

Gde beijo;

JP