quinta-feira, 10 de julho de 2008

Jornalismo perigoso

Uma das coisas que mais me chamou a atenção no episódio das prisões de Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta e companhia foi a presença da reportagem da Rede Globo em cada execução dos mandados. Abaixo, matéria da Folha On Line mostrando que não fui só eu que achou esquisito.

Cesar Tralli terá de depor na PF sobre vazamento
RICARDO FELTRIN

Editor-chefe da Folha Online

O jornalista Cesar Tralli, da Rede Globo, será chamado a depor na sindicância da Polícia Federal que apura supostos abusos policiais na Operação Satiagraha, bem como o vazamento de informações da ação. Foi Tralli quem comandou a cobertura do caso para a Globo.

O repórter sabia antecipadamente dos mandados de prisão, e de busca e apreensão às casas dos banqueiros Daniel Dantas e Naji Nahas, e do ex-prefeito Celso Pitta. A Globo obteve acesso exclusivo ao momento das prisões e também pôde filmá-las. Tralli também teve acesso ao conteúdo das decisões judiciais que permitiram a operação.

Todas as informações foram exibidas anteontem e ontem no "Jornal Nacional".

Procurado pela Folha Online, o editor-chefe do "JN", William Bonner, afirma não ter conhecimento sobre o caso, e que a CGCom deveria ser procurada. Até momento a assessoria da emissora não se manifestou. Se e quando ocorrer, será incluída neste texto.

Segundo advogados consultados pela reportagem, em caso de convocação o repórter é obrigado a comparecer, mas pode alegar sigilo de fonte e manter-se calado diante do delegado. Também não pode ser detido, uma vez que não cometeu nenhum crime (só quem vazou a informação).

O caso revoltou as demais emissoras, que se uniram em uma queixa formal ao governo. Pressionado, o ministro da Justiça, Tarso Genro, teve de pedir uma investigação.

"O diretor-geral da Polícia Federal [Luiz Fernando Correa] determinou, a meu pedido, que fizesse sindicância para verificar porque foi violado o manual de instrução da Polícia Federal nesse caso no que se refere ao acompanhamento pela imprensa da operação, expondo pessoas que foram detidas", justificou-se ontem o ministro, sobre a sindicância.

Parente não é serpente

É a segunda vez que Tralli tem acesso ilegal e privilegiado a uma operação sigilosa da PF. Em setembro de 2005, quando da prisão de Flavio Maluf, o jornalista foi flagrado no exato momento da operação usando boné e roupas semelhantes às usadas por policiais federais. Somente ele presenciou e gravou a prisão do empresário.

Segundo a Folha Online apurou, Tralli teria um parente de primeiro grau na cúpula da Polícia Federal.

Nenhum comentário: