Com grande - enorme - atraso - estou fazendo um relatório sobre o encerramento do Casarão Rock, que aconteceu sábado passado e teve como ponto culminante o pocket show de Marcelo Nova.
Cheguei quando Agnaldo Araújo dava uma "canja" de quase meia-hora na apresentação de Raulzinho e Banda General Lee. Após a não tão rápida participação especial, o Raulzito cover disse que Agnaldo era um velho amigo e tudo bem. Qum bom, senão era capaz de sair porrada.
Logo depois subiu ao palco a bana campineira Comtexto, que fez uma homenagem a Cazuza, que como se sabe faria 50 anos este ano. Não sei se o vocalista é ou não, mas se pretendia só imitar o ídolo não precisava desmunhecar tanto, já que o próprio não dava pinta. Tudo bem, os caras eram de Campinas.
Aí veio o Marcelo Nova, cercado de grande expectativa. Eu e o Fábio Alexandre já o tínhamos fotografado no backstage improvisado na Brinqedoteca do Casarão, antigo escritório da Secult. Ao contrário de Kid Vinil e Kiko Zambianchi - que já haviam participado de eventos no local - o ex-vocalista do Camisa de Vênus ficou na dele e não deu abertura pra conversa. Tudo bem, não estávamos lá pra babar ovo pro cara. Se a gente achou que ele tinha sido babaca nos camarins, no palco só comprovou. Se deu 40 minutos de show foi muito. Chegou ao palco cercado de seguranças num local onde a informalidade imperava, desprezou pedidos do público - mesmo eu concordando que "Silvia" é idiota (então porque a fizeram?) - detonou bandas contemporâneas como NX Zero e Detonautas em versos improvisados sobre "Bete Morreu" (única do primeiro LP que ele cantou), não fez questão de guardar o nome dos integrantes da banda que se esforçou em acompanhá-lo sem ensaio prévio (bravos, César Berton e companhia) e, mais grave, fez ouvidos moucos para a animadíssima platéia que queria mais, disse adeus e foi embora. Se não me engano cantou "!Gotahm City", "Eu não matei Joana D'Arc", "Simca Chambord", "Bete Morreu", "Isto é só o Fim", "Pastor João e a Igreja Invisível", "Amanhã" e "Cocaína".
Pena que só vi o Discoteca MTV sobre o disco "Camisa de Vênus - Viva" depois do show. Pra quem não sabe, o programa destrinhca faixa por faixa discos históricos do Pop-Rock nacional, entrevistando integrantes da banda, produtores e até críticos de música. A última faixa teria provocado a proibição do LP e posterior recolhimento dos exemplares já colocados à venda. Era "O Adventista" em versão ao vivo gravado no Clube Caiçara em Santos. Foi o público de lá que criou o refrão alternativo "Não vai haver amor nessa porra nunca mais". Segundo Marcelo, os gritos eram ensurdecedores, e então ele, "possuído pelo demôno do roquenrou" - rezou um Pai Nosso tendo essa frase berrada pela platéia. Uma homilia ao rock.
Sábado tinha garotos que nem tinham nascido quando o Camisa se desfez, mas que cantavam as letras dos clássicos de cor, sem falar nos coroas que ouviram aquelas músicas quando foram lançadas: os fiéis que são a metade fundamental da celebração do rock. Pena que o sacerdote tenha perdido sua fé no deus das guitarras e rezou uma missa burocrática. Não é á toa que não vai haver amor nessa porra nunca mais.
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