terça-feira, 22 de julho de 2008

O Cavaleiro das Trevas


Nada de armas de destruição em massa mirabolantes, nada de bandido-e-mocinho, nada de escapismo barato. "Batman - O Cavaleiro das Trevas" capta perfeitamente o espírito das duas obras-primas de Frank Miller - "O Cavaleiro das Trevas" e "Batman - Ano Um", e ainda soma elementos do grande trabalho que Alan Moore executou com o Homem-Morcego e o Coringa, "A Piada Mortal". Não acho que dê pra dissecar o filme sem essas três graphic novels como referência.
É esse o filme que nós, fãs, esperávamos em 1989, e não aquela distorção de Tim Burton (que, sem levar em consideração o que acompanhávamos naquela grande fase das graphic novels, era um grande trabalho). De certa forma, é como se "Batman Begins" fosse o personagem que Neal Adams tornou mais sombrio e adulto no final dos anos 60, após a avacalhação da série de TV, e este fosse o "Cavaleiro das Trevas" de Frank Miller.
Num rápido histórico, Adams se livra de Robin mandando-o para a faculdade (depois criaram os Titãs para ele se divertir) e faz Bruce Wayne deixar sua mansão para morar numa cobertura no centro. Há menos Batmóvel e mais batcorda entre os prédios de Gothan City. É quando surge Ra's Al Guh'l e sua linda filha Tália, interese romântico de Bruce Wayne.
Nos anos 80, Miller transforma o super-herói infanto-juvenil num personagem literário, usando a linguagem das HQs para montar uma fábula sobre seu tempo. É isso o que Nolan fez, só que na indústria do cinema, muito mais complexa que a dos comic books. E realizou o primeiro filme de super-herói adulto de verdade.
Batman é um personagem de direita, e Nolan percebeu isso via Miller, ele mesmo, um tory radical. Nada de fascismo como esquerdistas de boteco adoram dizer, porque o termo vem de fascio, o feixe de galhos que significa que a união é invencível. O Homem-Morcego é um individualista como John Wayne em "Onde Começa o Inferno": ele sabe que aquela é sua missão e quem se dispor a ajudá-lo pode se machucar. Mas ainda como John Wayne, só que em "O Homem que Matou o facínora", ele quer que seu tipo de heroísmo individualista seja substituído por outro que seja legitimado pela lei. Só que ainda não é tempo disso em Gothan City.
Por outro lado, Batman segue uma regra rígida que o mantém tenuemente separado da loucura. Uma regra que é a prova dos nove para Harvey Dent.
O Coringa de Heath Ledger é uma composição fascinante, mas ele não rouba o filme: ele ainda é sobre Batman. Como na graphic novel "Cavaleiro das Trevas", o psicopata é a formação reativa social ao próprio Batman. Como em "A Piada Mortal", o Coringa tem uma tese a provar.

Um comentário:

Anônimo disse...

bem fraquinho seu comentário
você obviamente não sabe o que heroísmo,nem fascismo,nem individualismo:fascinaste-te
além do quê,a atuação do ledger é um lixo,ao contrário do que andam propagandeando por aí

passar bem,com seu filme fascista